Aquele gol que eu escrevi #01
Primeira edição de uma newsletter de gols e outras coisas mais
Se tivesse poder para tal, gostaria de sempre ver meu time fazendo gols, sempre ver e rever gols bonitos, marcantes, históricos. Eu gosto e me faz bem.
Da força desse simples gosto nasce esta newsletter.
Aqui me proponho a falar de gols que de alguma forma despertaram ou despertam o meu interesse. A ideia é explorar isso de diferentes maneiras a cada novo texto. Um experimento literário que, espero, agrade quem se predispor a ler.
Essa será uma publicação semanal, que sairá sempre aos sábados e, vez por outra, poderá ir além dos gols que eu escrevo…
Um quase-gol
Pode parecer estranho inaugurar uma publicação sobre gols com um quase-gol.
Só que esse quase-gol não é um quase-gol qualquer, desses que a gente vê o centroavante limitado do nosso time perder num jogo avulso de Campeonato Carioca.
Não, é um quase-gol de Copa do Mundo, que saiu do pé direito daquele que é, incontestavelmente, o maior jogador de futebol de todos os tempos, também conhecido como Pelé.
É um quase-gol que carrega consigo uma beleza plástica e poética que poderia gerar várias e várias páginas, um livro inteiro. E não é que gerou? Sim, falo de “O drible”, livro de Sérgio Rodrigues. O livro por si só é uma aula de romance e ele teve justamente esse quase-gol de que falo hoje como um de seus motes principais.
Como uma coisa leva a outra, posso afirmar, com tranquilidade, que “O drible” acabou se transformando no meu mote principal para entender que futebol e literatura podem se encontrar. Eu fiz a leitura em um dos períodos mais reclusos da pandemia e a prosa do @sergiotodoprosa bateu fundo em mim. Eu já sabia que gostava de gol e que gostava de livro, mas ainda não havia percebido um possível elo entre esses dois gostos.
Mas voltemos ao quase-gol de Pelé.
Eu gosto dele, também, pelas cruciais participações que iniciam todo o lance e que aparecem também neste vídeo que deixei acima. A ginga de Jairzinho e o lançamento de Tostão são como que aperitivos fundamentais para que se chegasse ao prato principal do lance, que é o drible de corpo de Pelé sobre o goleiro uruguaio Marsurkiewcz.
Enquanto escrevia o texto me lembrei que esse quase-gol também serviu de mote para uma propaganda do Gol da Volkswagen, no longínquo ano de 2006. Quando fui buscar o vídeo disso no YouTube (esse que está logo acima desse parágrafo), além de me assustar ao ver que há pouco menos de vinte anos um carro popular custava 20 e poucos mil reais, também constatei o que faz esse quase-gol de Pelé ser tão atrativo para mim: caso a bola tivesse entrado, como acontece nessa recriação da propaganda da Volkswagen, esse seria apenas mais um dentre os mais de mil gols de Pelé. Certamente, só pelo drible de corpo, ainda seria lembrado, mas sem a mesma magia pela qual ele é de fato lembrado.
Às vezes é no imperfeito, no desajeitado, no quase, que nasce aquela fagulha de poesia que nos faz querer criar e olhar para o mundo de uma outra forma.
Por hoje é só.
Fica aquele apelo de sempre: leia, curta, comente, compartilhe, assine… Todo esse processo que ajuda bastante nesse universo virtual!
Depois de alguns meses como leitor assíduo de várias newsletters aqui no Substack, resolvi finalmente inaugurar a minha! Caso essa primeira edição já tenha algum leitor ficarei imensamente agradecido e aproveito para deixar o canal dos comentários abertos para esses possíveis leitores, se quiserem, sugerirem também gols para as próximas edições.
R.
O mais emblemático e bonito quase-gol da história do futebol!
Desde pequeno assisto futebol pelo simples prazer de estar com meu pai, é ele quem ama, não é fanático, só gosta de ver um jogo, não importa quem seja o time jogando, mas com o passar do tempo desenvolvi um apreço pelo momento do gol, é incrível como às vezes surge do nada, às vezes você consegue ver ele começar a acontecer desde lá do meio do campo. Também gosto muito do tema. Adorei a reflexão.